Leonardo Condé é técnico do Tupi Foot Ball Club desde a temporada de 2009. É nascido em Piau (MG), mudou para Juiz de Fora com cinco anos de idade e começou sua carreira de treinador na categoria de base do Tupi. Além do Galo, trabalhou no América (MG) e Atlético Mineiro (MG). Tem 31 anos, é casado e pai de Mariana, de dois anos. Ele fala sobre o futebol, os papéis do técnico e atletas na atualidade.
- Qual análise, como técnico, você faz da fase atual do futebol nacional?
O futebol brasileiro está conseguindo, nesse momento, se organizar. Teve uma passagem, quando foi implantada a Lei Pelé, em 98/99, em que os clubes tiveram uma dificuldade muito grande de modo geral, tanto os grandes quanto os clubes do interior. A gente vê equipes de tradição, como o América do Rio e Bangu, que praticamente fecharam as portas, e agora estão retornando – isso no próprio futebol mineiro também. E hoje você vê a maioria dos clubes se organizando, as equipes se preocupando em fazer um centro de treinamento, fazer concentrações. Então realmente está aproximando do futebol europeu, principalmente na parte estrutural. Eu acho que o futebol brasileiro é, sem sombra de dúvida, o melhor futebol do mundo – se organizando, praticamente vira o basquetebol americano. Mas ainda estava demorando para ter essa organização, mas hoje os clubes de um modo geral, e aqui em Minas não é diferente, estão se preocupando com essa estrutura.
- Como acredita que a profissão de técnico é enxergada hoje no país? Quais são seus exemplos de profissionais?
Eu vejo que o treinador de futebol no Brasil, há um tempo atrás, tinha única e exclusiva responsabilidade de escalar equipe dentro de campo. Hoje não, o treinador moderno tem que ter uma preocupação com o extra campo, de estar participando junto com a diretoria na parte de organização. Ele tem que ajudar a gerir o clube, então acaba virando um administrador, pois tem que comandar uma comissão técnica, que hoje tem uma média de dez profissionais, o grupo de atletas, e tem que ter também o bom relacionamento com a diretoria. Então, eu acho que hoje o treinador brasileiro está ficando mais respeitado, a gente vê bons profissionais surgindo. Tenho uma admiração grande pelo Mano Menezes, do Corinthians – um treinador que trabalhou na base, assim como eu trabalhei – e a gente vê também o Adilson Batista, no Cruzeiro, que tem um grande potencial e trabalha em conjunto com a diretoria. Não é só escalar o time, hoje o técnico tem que ter o bom relacionamento humano porque acaba administrando muitas pessoas.
- Quais características hoje são fundamentais para um bom atleta?
Hoje não basta ser apenas um jogador de futebol, tem que ser atleta, profissional de futebol. O jogador tem que corresponder dentro de campo, e fora de campo também ter uma postura adequada – estando bem fora de campo, ele uma possibilidade de render mais dentro de campo. O futebol mudou, infelizmente só a parte técnica não resolve, o jogador hoje também tem que estar bem condicionado fisicamente. A gente vê, de modo geral, que o futebol está muito voltado para força e velocidade. O jogador que não consegue se adequar em cima disso tem muita dificuldade de jogar hoje. Não adianta a gente querer ser saudosista de ver um futebol bonito, técnico. Quando o atleta consegue conciliar a boa técnica com esses aspectos físicos, aí acaba sendo um Cristiano Ronaldo, um Kaká, que são jogadores referência.